Polícia fecha escritório suspeito de aplicar golpes em aposentados

Um escritório de advocacia foi fechado pela Polícia Civil na manhã desta sexta-feira (24) em Ribeirão Preto (SP) por suspeita de aplicar golpes contra aposentados e pensionistas. Segundo o delegado Luís Geraldo Dias, titular da Delegacia do Idoso, os advogados enviavam cartas aos idosos oferecendo serviços que resultariam na revisão dos benefícios concedidos pelo INSS.

Dias afirma que cada aposentado pode ter desembolsado até R$ 2 mil por ações na Justiça que já teriam sido arquivadas por falta de embasamento legal ou nem mesmo ingressadas.

Durante a ação da polícia, nenhum advogado envolvido no esquema foi encontrado, mas oito funcionários que trabalhavam em serviços administrativos foram encaminhados à delegacia para prestar esclarecimentos.

A Polícia Civil informou que os advogados enviaram comunicados urgentes a uma lista de aposentados e pensionistas de cidades da região de Ribeirão Preto.

Nas cartas, o escritório chamado Associação de Apoio a Aposentados, Pensionistas e Servidores Públicos Federais (ASSAP), que funcionava há um ano no bairro Jardim Sumaré, alegava que os benefícios concedidos entre 1988 e 2003 poderiam ser reajustados em até 28,4% no valor mensal e afirmava que os interessados receberiam a correção dos últimos cinco anos, ultrapassando R$ 50 mil.

O aposentado Genésio Ferreira dos Santos, de Barrinha (SP), estava no escritório no momento da ação da polícia. “Eu recebo R$ 1,2 mil e ia receber R$ 1,7 mil, e um retroativo de pouco mais de R$ 30 mil”, disse o aposentado, que já havia pago pouco mais de R$ 1 mil ao escritório.

Segundo o aposentado José Cordeiro de Lima, de Franca (SP), a carta foi enviada a ele pelo escritório três vezes. Nesta sexta-feira, ele decidiu checar a veracidade da mensagem e ficou surpreso ao encontrar a polícia.

“Recebi essa carta dizendo que se eu aposentei até 2002 eu teria direitos e que aqui [escritório] se fazia avaliação sem pagar nada. Foi a terceira carta que me enviaram. Vim ver se tinha algo que ia me beneficiar. Não desconfiei de nada. Escreveram que era urgente”, explicou Lima.

Segundo Luís Geraldo Dias, há uma suspeita de que o escritório tenha obtido a lista de endereços com a ajuda de funcionários do próprio INSS. Quatro advogados supostamente envolvidos no esquema foram identificados e podem ter pedida a prisão preventiva.

Computadores, cheques e documentos foram apreendidos pela polícia. “Tem milhares de pastas paradas, sem nenhuma ação. Outras protocoladas na Justiça Federal de Ribeirão Preto já foram arquivadas, porque o procurador federal não encontrou amparo legal para ingressar com essas ações. Os advogados sabiam dessa mentira e estavam combinados nessa organização criminosa para enganar os idosos”, diz Dias.

O delegado estima que 50 mil idosos das cidades da região de Ribeirão possam ter caído no golpe. “Só nas primeiras horas hoje apareceram uns 30 idosos de Franca, Barrinha, Batatais, Ribeirão Preto. Mais de 30 em 3 horas.”

Os suspeitos deverão ser indiciados por estelionato e formação de quadrilha.

Fonte: G1 (24/07/2015)