Problemas da greve do INSS já refletem em 2016

Publicado em: 09/09/2015

O segurado do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) que tentar agendar ou até remarcar algum atendimento perdido devido à greve poderá encontrar vaga só em 2016. Esse é o reflexo da paralisação dos servidores do instituto, que já se estende por 64 dias.

Na sexta-feira, além dos funcionários da administração, médicos e peritos também aderiram ao protesto, e não estão trabalhando. Diante desse cenário, a preocupação de segurados como o técnico em projetos Cléber Pereira dos Anjos, 53 anos, morador de São Bernardo, é de como será na hora de dar entrada na aposentadoria, que, de acordo com as contas dele, poderá sair a partir de fevereiro do ano que vem.

A gente sabe que demora. E, com a paralisação, tenho medo de atrasar quando chegar na minha vez, comenta Dos Anjos. A preocupação do técnico em projetos não é em vão, já que a equipe do Diário entrou em contato com o INSS pelo número 135 e confirmou que, dependendo da agência, muitos serviços só estão sendo marcados para depois de janeiro, devido ao grande número de reagendamentos durante a greve.

A presidente do IBDP (Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário), Jane Berwanger, explica por que isso ocorre. É como em um acidente de trânsito. Quando isso acontece, o tráfego para, e até que se normalize, demanda tempo. Nos primeiros momentos, o fluxo permanece muito lento.

ATENÇÃO – A dica para quem não quer ser prejudicado pode ser antecipar o pedido de aposentadoria. Se o segurado está prestes a completar os requisitos para se aposentar, é recomendável que ele já marque o atendimento, afirma Jane.

Além disso, quem precisa de benefícios temporários, como auxílio-doença, salário-maternidade ou auxílio-reclusão, também poderá enfrentar problemas. Entretanto, a presidente do IBDP explica a importância de comparecer ao local na hora marcada, para quem tiver atendimento agendado, mesmo sabendo que as unidades estão em greve. Essa é a garantia que o segurado tem, caso precise entrar na Justiça.

Para isso, é possível pedir um documento à agência que comprove a ida até o local. Caso esteja fechada, a orientação é ligar para o 135 e registrar o ocorrido, como uma reclamação, e guardar o número do protocolo. Esse dado servirá como prova. Fotos e vídeos do local fechado também são válidos. A remarcação dos atendimentos deve ser feita logo em seguida, pelo próprio segurado, conforme indica Jane. Quanto antes remarcar, menos risco se corre de prolongar o novo agendamento.

O INSS tem 30 dias para realizar o atendimento, ou 45 para a implantação do benefício. A partir daí, quem precisa do auxílio com urgência poderá ingressar com ação judicial para concessão.

QUEDA DE BRAÇO – A negociação para o fim da greve, que já dura mais de dois meses, não avançou nesta semana. Aguardávamos uma resposta do Ministério do Planejamento hoje (ontem), mas não a obtivemos. O prazo para pronunciamento da parte deles é de 48 horas, afirma a diretora do Sinsprev-SP (Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência no Estado de São Paulo) Rita de Cássia Pinto.

Independentemente de terem uma resposta, a diretora do Sinsprev-SP confirma assembleia na sexta-feira, às 15h, para decidir os rumos da paralisação. A greve continua forte, mas sabemos que está prejudicando a população. Para dar fim, dependemos de resposta favorável do governo. De acordo com Rita, os atendimentos pelo 135 ainda estão funcionando, mas de maneira reduzida. As agências também estão operando com 30% dos funcionários, conforme manda a lei.

A categoria, que reivindica 27,3% de reajuste salarial, recebeu contraproposta do governo de 21,3% de aumento, divididos em quatro anos, sendo 5,5% em 2016; 5% em 2017; 4,75% em 2018 e 4,5% em 2019. A última novidade foi divulgada na quinta-feira, que tenta um acordo, com pagamento em dois anos, e uma reestruturação das tabelas remuneratórias, com expansão de 10,8% divididos entre 2016 (5,5%) e 2017 (5%).

Os médicos e peritos que aderiram à greve na semana passada também pedem aumento de 27,3% em duas parcelas. Além de reestruturação da carreira, fim da contratação de peritos terceirizados e a garantia de 30 horas de trabalho semanais.

Fonte: Diário do Grande ABC (09/09/2015)










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