Segurados relatam dificuldade para agendar serviços básicos no INSS

Publicado em: 10/01/2018

Os brasileiros que precisam agendar atendimento no INSS, pelo telefone ou pela internet, têm passado por um exercício de paciência. E eles também precisam de sorte.

Não tem vaga. Está tudo lotado. Só tem fora, em municípios distantes da região metropolitana de Recife, diz o administrador Antonio José Paes de Andrade, após mais de um mês tentando. E pela internet ou por telefone, no número 135, do INSS, também não há disponibilidade.

O que Antônio precisa é simples: agendar o atendimento no INSS para dar entrada no pedido de aposentadoria. Ele só conseguiu para o fim de abril, fora do Recife.

Eu comecei a observar que o que tem é no entorno, ou seja, todas as agências que estão a 30, 40 quilômetros da região metropolitana de Recife, conta.

O repórter Hélter Duarte fez o teste e ligou para o 135.

Após 27 minutos de espera na linha, conseguiu falar com uma atendente. Ele pediu informações sobre o benefício de um aposentado que morreu alguns dias atrás e tentou reagendar o atendimento para a viúva, em um posto do INSS no estado do Rio de Janeiro.

Agora pela central 135 existe um limite de atendimento. Nós só podemos fazer qualquer tipo de procedimento para um CPF. Mas como é com outro CPF, eu vou pedir que o senhor retorne o contato. É só desligar e retornar, disse a atendente.

Olha, eu fiquei quase 30 minutos esperando. Eu vou ter que ligar de novo e esperar mais 30 ou 40 minutos? Para fazer uma coisa que você poderia fazer para mim? Para fazer esse agendamento?, questionou.

Entendo. Mas são normas do sistema e temos que cumprir. Se está demorando muito, o senhor pode tentar pelo site, disse a funcionária do INSS. Eu já tentei pelo site, respondeu o repórter.

Entendo. Então, realmente, estamos com problema no sistema, mas o senhor vai ter que retornar o contato e ver… Caiu a ligação. Trinta minutos e três segundos esperando. E a ligação subitamente cai.

A segurada Juanita diz que já passou por isso várias vezes nas últimas semanas. Ela foi, então, pessoalmente a um dos três postos do INSS na Zona Sul do Rio e encontrou o portão fechado na segunda-feira (8).

Só quem está agendado e quem entrou de manhã bem cedo, explica o segurança, que diz que a unidade está sem sistema desde a última quinta-feira (4).

Dentro do posto, porém, é possível ver que o problema não é bem a falta de sistema. É a falta de gente para trabalhar. A gerente e uma funcionária são as únicas.

Em outro posto, um dos maiores do Rio, há apenas oito atendentes. Funcionários dizem que já foram 20 e que os outros se aposentaram e não foram repostos. Solange Nobre Pires, aposentada, foi até o posto, mas perdeu a viagem.

Não consegui, não. Tem que voltar amanhã de manhã, conta a aposentada Solange Nobre Pires. Não tem uma pessoa para me atender. Na parte que me cabe.

O INSS declarou que, no mês passado, enviou ao Ministério do Planejamento um estudo informando a existência de um déficit de cerca de 4 mil servidores e que, até o fim de 2019, outros 12 mil servidores já terão condições de se aposentar. Por isso, segundo o INSS, é preciso contratar mais gente.

O Ministério do Planejamento declarou que convocou, nos últimos dois anos, 950 concursados para o INSS e que, neste ano, os concursos estão restritos por causa do ajuste fiscal.

Sobre a demora na central 135, o INSS declarou que os atendentes da unidade de teleatendimento de Salvador estão em greve há uma semana e que a empresa contratada pode ser multada se a situação não for resolvida. O INSS também afirmou que redistribuiu as chamadas para outras unidades.

Fonte: G1 (09/01/2018)










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